segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

sábado, 31 de janeiro de 2009

8) Comunicação, cultura e democracia cotidiana

Para uma universidade poder ser considerada comunitária, ela deve ter como fundamental característica a democracia interna envolvendo a comunidade e suas práticas. Como, por exemplo, espaços públicos onde eventos culturalmente significativos podem ser realizados sem qualquer tipo de burocracia e repressão. Todos devem ter liberdade para a expressão, criação e livre debate político. O caráter comunitário, na verdade, é um pilar fundamental do ensino universitário desde seu início.

A PUC-SP é filantrópica, logo, deve ter um caráter humanitário e público que deve ser levado além de seu espaço físico. Isso implica na plena liberdade de debate, criação cultural e artística inseridas na realidade universitária para uma formação acadêmica de qualidade e evolução da PUC. Este é possivelmente um dos maiores diferenciais da PUC-SP se comparada a universidades privadas em geral. Certas medidas administrativas recentes mudaram drasticamente esse quadro deixando o caráter humanitário de lado para soluções de problemas que deveriam ser encarados de uma forma menos autoritária e contraditória. Também foram substituídos os seguranças comunitários por empresas de segurança com um caráter muito mais policialesco.

Imagine uma universidade onde só existam salas de aula, não há qualquer espaço físico para qualquer tipo de confraternização comunitária significativa. É isso que queremos? Combater o caráter público e democrático de uma instituição é uma lógica que vem do próprio sistema e pode ser historicamente comprovada, afinal qualquer tipo de aglutinação pode se tornar uma força de resistência, algo nada interessante quando se quer mercantilizar cada vez mais o ensino. É papel da universidade não só proporcionar à comunidade meios de se expressar como também a incentivá-la, a expressão é um direito humano, não importa por que meios. Tendo esse ponto de vista e entendendo que a produção cultural também é um meio de expressão, se vê que a prática repressiva contra isso é uma atrocidade aos direitos humanos.

9) Infra-estrutura

A infra-estrutura é a base na qual o acadêmico se desenvolve. Salas de boa qualidade, biblioteca vasta com títulos de diversos autores, laboratórios de informática com os softwares livres necessários ao desenvolvimento de alguns cursos, materiais específicos que cada curso necessita e espaços de convivência são muito importantes para a qualidade dos cursos.

Infelizmente a infra-estrutura mínima não tem sido fornecida na PUC-SP. Diversas são as salas de aula em que o teto está, literalmente, caindo. Não se trata de pautar o acadêmico pelo estrutural, tornando a universidade um Shopping Center, mas sim de utilizar os recursos disponíveis para melhorar a qualidade das aulas.

Outros problemas que a universidade enfrenta relativos à infra-estrutura são a falta de salas para atividades específicas de alguns cursos ou carência de material para algumas aulas. Salas do curso de Comunicação em Artes do Corpo que necessitam isolamento acústico, piso especial e espaço, ou os laboratórios de vídeo que necessitam de mais equipamentos inexistem.

A partir do fim de 2007, antes mesmo da aprovação do Redesenho Institucional, foi criada a chamada Secretária Unificada (SAE) que substitui diversas funções que antes eram exercidas pelas secretárias de curso. Resultado disso: enormes filas (nas quais os estudantes aguardaram no início de 2008 por até três horas na fila), aumento da burocracia (o estudantes é jogado para todos os lados da universidade para resolver um problema de matrícula, por exemplo) e demissão de funcionários.

É necessário que as salas de aula tenham infra-estrutura mínima. E a PUC-SP ter se esquecido disso nos últimos tempos.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

10- Política Externa

O modelo institucional em que se encontra a PUC-SP hoje se enquadra no de numa universidade que centraliza sua formação na hegemonia das idéias liberais sobre a sociedade. Isso reflete como retificação do entendimento de universidade que serve simplesmente como caminho para ascensão social individual dos estudantes. Essa concepção é o que justifica a atual parceria com as empresas, a fim de que estas sejam as fontes de recursos para pesquisas, projetos e cursos dentro da PUC-SP.

Neste contexto, não basta democratizar o acesso à universidade. Há de se pensar em uma nova estrutura comprometida com a transformação social e responsável pela formação crítica dos estudantes. Para isso, deve-se primordialmente realizar parcerias com os movimentos sociais.

No âmbito da pesquisa, a idéia é vincular a produção de conhecimento às demandas dos movimentos. Assim, a universidade tem que estar aberta para recebê-las. Devendo priorizar o uso dos espaços internos da PUC-SP para esse fim. Realizando palestras, debates, e cursos, objetivando aproximar os estudantes da realidade desses movimentos.

Além disso, o ensino fornecido pela nossa universidade, voltado somente para o mercado de trabalho, é deficitário na produção de um senso crítico. Para combater tal lógica a direção da universidade deve fomentar as iniciativas de formação de grupos de estudos voltados para temas os quais a universidade apresenta defasagem. Esses grupos teriam formato de núcleo e seriam compostos por professores da casa, pagos por hora-aula, e por representantes dos movimentos. Tal prática requer mínima estrutura para que se viabilizem essas atividades. A universidade deverá disponibilizar salas, materiais e professores para o acompanhamento dos grupos.

Em relação aos estágios, a proposta é relacioná-los com as pautas dos movimentos. Nesse ponto, a prioridade é aumentar o número de bolsas-estágio para abarcar o maior número de estudantes possível. Deve-se também aumentar o valor dessas bolsas; primeiro para que o estudante opte por um estágio compatível com sua formação universitária; segundo para valorizar esse tipo de trabalho, distanciando-o do conceito de voluntariado e, por fim, para que o estudante possa se envolver nos projetos de extensão obtendo remuneração que possibilite seu sustento econômico.

Neste contexto, a PUC-SP pode criar e qualificar os projetos de extensão, tais como a área de projetos sociais do Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns ou utilizar o estúdio de rádio da Comfil para iniciar parceria com rádios comunitárias. Por fim, tendo em vista a importância da universidade se inserir nas discussões nacionais que abrangem os problemas inerentes a cada curso, a PUC-SP deve oferecer suporte para viabilizar esse envolvimento. Isso pode ser feito financiando a participação dos estudantes, disponibilizando transporte, fornecendo espaços para produzir oficinas de pré-encontro, ou até servindo como sede para tais.

Assinam a tese

Aldo Sauda (Direito), Alex Mirkhan (Jornalismo), Ana Carolina Andrade (Jornalismo), André "Mineiro" (Multimeios), Anuar "Gigante" (Geografia), Bruno Huberman (Jornalismo), Caio "Rubinho" (Jornalismo), Caião Tedeschi (Geografia), Camila Gomes (Jornalismo), Diogo Mustaro (Jornalismo), Eduardo Carlini "Tarzan" (Geografia), Fábio Nassif "Bronze" (Jornalismo), Fê Kalena (Jornalismo), Filippo "Guga" (Jornalismo), Gabi Moncau (Jornalismo), Gustavo Assano (Jornalismo), Irene Maestro (Direito), Ivan Sampaio (Direito), "Julião" Pimenta (Geografia), Lucas Castro "Ribeirão" (Jornalismo), Luiz Guilherme Ferreira (Direito), Luís Castro Mourão (Multimeios), Luísa Dávola (Direito), "Luka" Franca (Jornalismo), Mariana De La Togna (Psicologia), Marcela Rocha (Jornalismo), Marina "Zázá" (Jornalismo), Marina Pita (Jornalismo), Natália Contesini (Jornalismo), Naty Pezzato (Geografia), Otávio Paiva (Direito), Paula de Paula (Jornalismo), Paula Salati (Jornalismo), Pedrão Nogueira (Jornalismo), Rafael Thomé (Jornalismo), Raiana Ribeiro (Jornalismo), Rodrigo Mendes (Jornalismo), Rodrigo "RBD" (Jornalismo), Rogério Perito "Gegê" (Economia), "Tato" Nagoya (Jornalismo), Tiago Castro (Geografia), Valério Paiva (Jornalismo), Vanessa Koetz (Direito), Vinícius Costa (Jornalismo), Vitinho Sousa (Jornalismo), Vivian Lobato (Jornalismo), "Zé" Roberto Jr. (Jornalismo)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Carta Proposta de Florestan Fernandes

Eixos de campanha do Florestan:


1)Estrutura de poder

2)Plano financeiro

3)Acesso e permanência

4)Trabalhadores da PUC

5)Estudantes

6)Comunicação, cultura e democracia cotidiana

7)Infra-estrutura

8)Política externa


1)Estrutura de poder


- Paridade dos três setores em todos os conselhos;

- Eleição direta para reitoria e todos os cargos administrativos, com peso igual dos votos entre os professores, estudantes e funcionários;

- Rejeição do Consad (Conselho Administrativo) imposto pelo novo estatuto e de qualquer espaço de interferência da Fundação São Paulo, como a lista tríplice de escolha dos candidatos;

- Criação de um conselho consultivo composto pelas entidades representativas dos estudantes, professores e funcionários;

- Realização de um congresso bianual – democrático e autônomo -, que tenha poder de convocar referendos sobre a manutenção ou destituição de reitores, ou sobre outros assuntos de interesse da comunidade;


2)Plano financeiro


- Abertura dos livros caixa e auditoria de todas as contas da PUC-SP;

- Em caso de comprovação de irregularidade nas contas da universidade, demissão imediata dos administradores envolvidos;

- Volta do sistema de cobrança próprio da universidade. Garantia de não inclusão dos devedores no cadastro do SPC/Serasa;

- Fim da ingerência dos bancos na universidade;

- Defender que o Estado cumpra seu papel social de prover ensino público, gratuito e de qualidade para todos, inclusive na PUC-SP;


3)Acesso e permanência


- Reabertura do edital de bolsas de estudo, com garantia de permanência de tod@s que não podem pagar, inclusive estudantes do primeiro ano;

- Redução da mensalidade condizente com a realidade sócio-econômica de cada estudante;

- incorporação dos bolsistas do ProUni como bolsistas da universidade. Que a verba do ProUni seja direcionada para a expansão de vagas nas universidades públicas;

- Isenção da taxa de matrícula e taxa do vestibular;

- Incentivo ao cursinho popular do CACS da PUC-SP, mantendo sua autonomia político-pedagógica;

- Redução do preço do bandejão e desconto para bolsistas;

- Fim de todas as taxas da biblioteca e das secretarias;

- Plano de moradia comunitária, com cadastramento dos moradores do bairro (estudantes, professores, funcionários ou não) que possam hospedar pessoas em casa durante o tempo de vínculo com a universidade;

- Plano de carona comunitária, com cadastramento de estudantes, professores, funcionários ou moradores da região que possam fornecer carona entre casa, universidade e trabalho;

- Construção de um bicicletário gratuito na PUC-SP;

- Construção de creches e berçários para filhos de funcionários e estudantes da comunidade;

- Garantia de que os inadimplentes poderão assistir aula e ser registrado no diário de classe;


4)Trabalhadores da PUC (professores e funcionários administrativos)


- Fim da “maximização” dos professores;

- Pagamento de todos os salários atrasados;

- Volta dos acordos internos anteriores (rompidos em 2006), que previa, entre outras coisas, mais bolsas de estudo para dependentes financeiros dos trabalhadores da PUC-SP;

- Igualdade nos salários entre professores da graduação e da pós-graduação. Fim dos privilégios de um pequeno grupo;

- Fim do processo de terceirizações. Contratação de todos os trabalhadores terceirizados para o quadro de funcionários da PUC-SP, com melhores condições de trabalho;

- Bolsas de estudos ilimitadas para os trabalhadores da universidade e para seus dependentes financeiros;

- Volta de uma segurança comunitária, com vínculo empregatício na universidade, treinada apenas para prevenção de acidentes. Rompimento e auditoria do contrato com a Graber;

- Liberdade de organização sindical e de atuação da Afapuc e Apropuc;

- Construção de um plano de cargos e salários em conjunto com Afapuc e Apropuc. Estabilidade e garantia de emprego para todos os trabalhadores da universidade;


5)Estudantes


- Incentivo e liberdade à pesquisa científica, principalmente na área de humanas;

- Garantia de que os estudantes oriundos do vestibular de meio de ano terão turmas específicas de acordo com o currículo normal de cada curso e não serão matriculados em turmas já existentes para preenchimento de vagas ociosas;

- Incentivo a atividades de extensão que tenham interesse social para a comunidade externa, como o Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns. Criação de bolsas de estudo para os estudantes que participam dos projetos de extensão.

- Ensino presencial em todos os cursos e disciplinas da PUC-SP, não a educação à distância;

- Encerramento de qualquer processo em curso contra o movimento estudantil e garantia de que os conflitos internos sejam resolvidos através do diálogo;


6)Comunicação, cultura e democracia cotidiana


- Abertura total da Rede PUC e TV PUC exclusivamente para a comunidade, com incentivo de participação na elaboração dos programas, e que garanta seus fins acadêmicos não lucrativos;

- Criação e legalização da Rádio PUC-SP (universitária), livre para a comunidade, e em parceria com demais rádios comunitárias;

- Democratização dos meios de comunicação da PUC-SP, para participação da comunidade e cobertura crítica dos acontecimentos. Mudança do caráter da ACI (Assessoria de Comunicação Institucional);

- Incentivo de participação dos estudantes, através de espaços no site, nos jornais impressos e nas peças publicitárias;

- Atendimento ao direito de resposta às entidades representativas e membros da comunidade que forem citados nos meios de comunicação internos;

- Permissão e incentivo às atividades culturais promovidas pela comunidade interna e externa dentro do campus;

- Desautorização do PAC (Projeto de Atendimento à Comunidade) enquanto responsável pelos pedidos de uso dos espaços para atividades políticas, acadêmicas e culturais;

- Priorizar a reserva dos auditórios, espaços de eventos (sala 239, 333, 134, auditório Banespa, saguão da Biblioteca, Tucarena, Tuca, quadra, etc) e equipamentos (caixas de som, projetores, DVDs, etc) para as atividades acadêmicas e entidades representativas;

- Liberdade de uso dos murais de recados nos espaços da universidade;

- Garantia de não retiradas dos cartazes do movimento estudantil;

- Pelo livre acesso permanente nos campi da universidade. Garantia de que a PUC-SP não terá catraca;

- Eleição direta para a ouvidoria colegiada, com participação entre estudantes, professores e funcionários;


7)Infra-estrututra


- Melhor condição de estrutura física em todas as salas de aula;

- Adquirir mais equipamentos eletrônicos, conforme a demanda de todos os cursos da universidade;

- Manutenção e construção – quando necessário – das salas específicas (como as de artes do corpo, por exemplo, que necessitam de espaço, piso especial, isolamento acústico, etc);

- Realização de obras de emergência para a total acessibilidade física dos portadores de deficiências físicas;

- Não interferência da reitoria nas eleições da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). Garantia de total liberdade de atuação para os funcionários cipeiros;


8)Política externa


- Plano de parcerias com movimentos sociais para realização de cursos, debates, palestras, e espaços de formação (como a Escola Nacional Florestan Fernandes do MST). Pelo fim das parcerias com as empresas na realização de eventos e pesquisas, por não possuírem nenhum interesse social;