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sábado, 31 de janeiro de 2009

8) Comunicação, cultura e democracia cotidiana

Para uma universidade poder ser considerada comunitária, ela deve ter como fundamental característica a democracia interna envolvendo a comunidade e suas práticas. Como, por exemplo, espaços públicos onde eventos culturalmente significativos podem ser realizados sem qualquer tipo de burocracia e repressão. Todos devem ter liberdade para a expressão, criação e livre debate político. O caráter comunitário, na verdade, é um pilar fundamental do ensino universitário desde seu início.

A PUC-SP é filantrópica, logo, deve ter um caráter humanitário e público que deve ser levado além de seu espaço físico. Isso implica na plena liberdade de debate, criação cultural e artística inseridas na realidade universitária para uma formação acadêmica de qualidade e evolução da PUC. Este é possivelmente um dos maiores diferenciais da PUC-SP se comparada a universidades privadas em geral. Certas medidas administrativas recentes mudaram drasticamente esse quadro deixando o caráter humanitário de lado para soluções de problemas que deveriam ser encarados de uma forma menos autoritária e contraditória. Também foram substituídos os seguranças comunitários por empresas de segurança com um caráter muito mais policialesco.

Imagine uma universidade onde só existam salas de aula, não há qualquer espaço físico para qualquer tipo de confraternização comunitária significativa. É isso que queremos? Combater o caráter público e democrático de uma instituição é uma lógica que vem do próprio sistema e pode ser historicamente comprovada, afinal qualquer tipo de aglutinação pode se tornar uma força de resistência, algo nada interessante quando se quer mercantilizar cada vez mais o ensino. É papel da universidade não só proporcionar à comunidade meios de se expressar como também a incentivá-la, a expressão é um direito humano, não importa por que meios. Tendo esse ponto de vista e entendendo que a produção cultural também é um meio de expressão, se vê que a prática repressiva contra isso é uma atrocidade aos direitos humanos.

9) Infra-estrutura

A infra-estrutura é a base na qual o acadêmico se desenvolve. Salas de boa qualidade, biblioteca vasta com títulos de diversos autores, laboratórios de informática com os softwares livres necessários ao desenvolvimento de alguns cursos, materiais específicos que cada curso necessita e espaços de convivência são muito importantes para a qualidade dos cursos.

Infelizmente a infra-estrutura mínima não tem sido fornecida na PUC-SP. Diversas são as salas de aula em que o teto está, literalmente, caindo. Não se trata de pautar o acadêmico pelo estrutural, tornando a universidade um Shopping Center, mas sim de utilizar os recursos disponíveis para melhorar a qualidade das aulas.

Outros problemas que a universidade enfrenta relativos à infra-estrutura são a falta de salas para atividades específicas de alguns cursos ou carência de material para algumas aulas. Salas do curso de Comunicação em Artes do Corpo que necessitam isolamento acústico, piso especial e espaço, ou os laboratórios de vídeo que necessitam de mais equipamentos inexistem.

A partir do fim de 2007, antes mesmo da aprovação do Redesenho Institucional, foi criada a chamada Secretária Unificada (SAE) que substitui diversas funções que antes eram exercidas pelas secretárias de curso. Resultado disso: enormes filas (nas quais os estudantes aguardaram no início de 2008 por até três horas na fila), aumento da burocracia (o estudantes é jogado para todos os lados da universidade para resolver um problema de matrícula, por exemplo) e demissão de funcionários.

É necessário que as salas de aula tenham infra-estrutura mínima. E a PUC-SP ter se esquecido disso nos últimos tempos.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

10- Política Externa

O modelo institucional em que se encontra a PUC-SP hoje se enquadra no de numa universidade que centraliza sua formação na hegemonia das idéias liberais sobre a sociedade. Isso reflete como retificação do entendimento de universidade que serve simplesmente como caminho para ascensão social individual dos estudantes. Essa concepção é o que justifica a atual parceria com as empresas, a fim de que estas sejam as fontes de recursos para pesquisas, projetos e cursos dentro da PUC-SP.

Neste contexto, não basta democratizar o acesso à universidade. Há de se pensar em uma nova estrutura comprometida com a transformação social e responsável pela formação crítica dos estudantes. Para isso, deve-se primordialmente realizar parcerias com os movimentos sociais.

No âmbito da pesquisa, a idéia é vincular a produção de conhecimento às demandas dos movimentos. Assim, a universidade tem que estar aberta para recebê-las. Devendo priorizar o uso dos espaços internos da PUC-SP para esse fim. Realizando palestras, debates, e cursos, objetivando aproximar os estudantes da realidade desses movimentos.

Além disso, o ensino fornecido pela nossa universidade, voltado somente para o mercado de trabalho, é deficitário na produção de um senso crítico. Para combater tal lógica a direção da universidade deve fomentar as iniciativas de formação de grupos de estudos voltados para temas os quais a universidade apresenta defasagem. Esses grupos teriam formato de núcleo e seriam compostos por professores da casa, pagos por hora-aula, e por representantes dos movimentos. Tal prática requer mínima estrutura para que se viabilizem essas atividades. A universidade deverá disponibilizar salas, materiais e professores para o acompanhamento dos grupos.

Em relação aos estágios, a proposta é relacioná-los com as pautas dos movimentos. Nesse ponto, a prioridade é aumentar o número de bolsas-estágio para abarcar o maior número de estudantes possível. Deve-se também aumentar o valor dessas bolsas; primeiro para que o estudante opte por um estágio compatível com sua formação universitária; segundo para valorizar esse tipo de trabalho, distanciando-o do conceito de voluntariado e, por fim, para que o estudante possa se envolver nos projetos de extensão obtendo remuneração que possibilite seu sustento econômico.

Neste contexto, a PUC-SP pode criar e qualificar os projetos de extensão, tais como a área de projetos sociais do Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns ou utilizar o estúdio de rádio da Comfil para iniciar parceria com rádios comunitárias. Por fim, tendo em vista a importância da universidade se inserir nas discussões nacionais que abrangem os problemas inerentes a cada curso, a PUC-SP deve oferecer suporte para viabilizar esse envolvimento. Isso pode ser feito financiando a participação dos estudantes, disponibilizando transporte, fornecendo espaços para produzir oficinas de pré-encontro, ou até servindo como sede para tais.

Assinam a tese

Aldo Sauda (Direito), Alex Mirkhan (Jornalismo), Ana Carolina Andrade (Jornalismo), André "Mineiro" (Multimeios), Anuar "Gigante" (Geografia), Bruno Huberman (Jornalismo), Caio "Rubinho" (Jornalismo), Caião Tedeschi (Geografia), Camila Gomes (Jornalismo), Diogo Mustaro (Jornalismo), Eduardo Carlini "Tarzan" (Geografia), Fábio Nassif "Bronze" (Jornalismo), Fê Kalena (Jornalismo), Filippo "Guga" (Jornalismo), Gabi Moncau (Jornalismo), Gustavo Assano (Jornalismo), Irene Maestro (Direito), Ivan Sampaio (Direito), "Julião" Pimenta (Geografia), Lucas Castro "Ribeirão" (Jornalismo), Luiz Guilherme Ferreira (Direito), Luís Castro Mourão (Multimeios), Luísa Dávola (Direito), "Luka" Franca (Jornalismo), Mariana De La Togna (Psicologia), Marcela Rocha (Jornalismo), Marina "Zázá" (Jornalismo), Marina Pita (Jornalismo), Natália Contesini (Jornalismo), Naty Pezzato (Geografia), Otávio Paiva (Direito), Paula de Paula (Jornalismo), Paula Salati (Jornalismo), Pedrão Nogueira (Jornalismo), Rafael Thomé (Jornalismo), Raiana Ribeiro (Jornalismo), Rodrigo Mendes (Jornalismo), Rodrigo "RBD" (Jornalismo), Rogério Perito "Gegê" (Economia), "Tato" Nagoya (Jornalismo), Tiago Castro (Geografia), Valério Paiva (Jornalismo), Vanessa Koetz (Direito), Vinícius Costa (Jornalismo), Vitinho Sousa (Jornalismo), Vivian Lobato (Jornalismo), "Zé" Roberto Jr. (Jornalismo)