segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Por que o CAVH não irá discutir as mensalidades

São Paulo, 7 de novembro de 2007


CARTA ABERTA DO CENTRO ACADÊMICO VLADIMIR HERZOG


SENHOR MARCO DANTAS (Superintendente da Fundação Cásper Líbero),
SR. ALÍPIO RODRIGUES (Secretário Geral da Faculdade Cásper Líbero),
PROF. CLÁUDIO ARANTES (Professor observador das reuniões de mensalidade),
PROF. TEREZA VITALI (Diretora da Faculdade Cásper Líbero),
SR. PAULO CAMARDA (Presidente da Fundação Cásper Líbero),



O Centro Acadêmico Vladimir Herzog vem por meio desta afirmar publicamente que não participará em momento algum de nenhum espaço que utilize a presença da representação estudantil como forma de legitimar aumentos de mensalidade já pré-definidos pela Fundação, apresentados em encontros absolutamente anti-democráticos, qualificados mentirosamente como negociação. Por esse motivo, o C.A. não participará da reunião convocada pelo Sr. Marco Dantas onde supostamente seriam negociadas as mensalidades para 2008.
Não há negociação possível entre Centro Acadêmico e Marco Dantas porque este é apenas um intransigente intermediário da Fundação, que já definiu quanto deve ser o aumento das mensalidades para que possa seguir mantendo suas nebulosas contas em dia. A presença de intermediários sem qualquer poder de decisão em todos os espaços da Faculdade é tática clássica da burocracia para dificultar e impossibilitar qualquer forma de contra-argumentação e contestação.
Não há negociação possível porque ano a ano as informações disponibilizadas são insuficientes, as planilhas de custos e gastos são incompletas e pouco confiáveis, não há tempo de avaliá-las ou possibilidade de sanar as inúmeras desconfianças quanto à veracidade das mesmas. As planilhas não incluem elementos suficientes para que se justifiquem os aumentos, não apresentando por exemplo as receitas da Faculdade e embaralhando diversas vezes custos da Faculdade e da Fundação.
Não há negociação possível entre Centro Acadêmico e um intermediário porque por mais que argumentos sejam levantados e discutidos eles jamais são levados em consideração. Marco Dantas é um burocrata sem qualquer conhecimento da Faculdade, sem qualquer compreensão desta como espaço de produção de conhecimento, encarando-a apenas da perspectiva dos números, como uma empresa que vende educação. Para ele e para a Fundação tanto faz se há gasto com livros ou com lâmpadas, com aumento do salário dos professores ou com elevadores que falam, o que importa é manter as contas da “empresa” em dia. A Fundação só não quer ter prejuízo, a Faculdade que se vire para satisfazer seus “clientes” com recursos escassos e mal planejados.
Não há negociação possível quando a elitização clamorosa do perfil dos estudantes da Cásper não é vista como um problema da Fundação, nem quando o aumento considerável da inadimplência e de alunos que não conseguem completar o curso e a queda da relação candidato/vaga não são relacionados com os preços abusivos da mensalidade.
Não há negociação possível entre Centro Acadêmico e Marco Dantas porque os aumentos são sempre injustificavelmente superiores à inflação. “Ao final do ano letivo pode haver reajuste de acordo com o índice de inflação do país” diz o site do Vestibular da Cásper Líbero. A inflação de 2006 foi de 3,7% e as mensalidades aumentaram 5,8%. Em 2005 a inflação era de 5,69% e o aumento foi de 6,5%.
O Centro Acadêmico Vladimir Herzog opta por não participar dessa farsa e não se submeter à imposição de regras unilaterais por parte da Fundação. O reajuste de mensalidades deve ser balizado por uma série de fatores tendo em vista a garantia do mais amplo acesso ao ensino, garantindo a diversidade dentro da Instituição. Os valores não devem ser apenas apresentados e sim devem ser definidos em conjunto por todos os envolvidos: alunos, funcionários e professores. São esses setores que devem formular e aprovar o eventual reajuste, que deve ser discutido também nos órgãos colegiados já constituídos, e em outras instâncias com maior participação estudantil. O índice de reajuste deve ser o menor possível, servindo apenas para garantir a manutenção dos cursos e não como fonte de renda que sustente outros setores da Fundação.
Para que a comunidade possa formular propostas com embasamento é indispensável que haja a abertura dos livros fiscais, possibilitando o acesso à informações regulares, claras e completas. Para além da planilha de custos, é necessário o acesso à receita da Faculdade assim como aos contratos das empresas que utilizam seus espaços (Xerox, Monet e o recém-infiltrado Tele-Marketing). Acordos e convênios devem ser previamente apresentados à comunidade para que os interesses desta sejam garantidos. Deve haver transparência nos investimentos que são feitos, com a participação de todos na tomada dessas decisões.
Como Fundação, a Cásper Líbero não tem fins lucrativos. As mensalidades da Faculdade, portanto, devem servir única e exclusivamente para cobrir os custos da manutenção do funcionamento da mesma (aumento de salários de professores e funcionários, investimentos em estrutura e equipamentos, etc.), jamais como forma de dar lucro.
A participação de estudantes, professores e funcionários não deve se restringir ao momento de reajuste de mensalidades. A comunidade tem o direito de intervir e opinar nos rumos da Faculdade de maneira efetiva, de modo que a Cásper seja de fato gerida por aqueles que a conhecem e não por membros da Fundação que utilizam a Diretoria para transmitir seus recados e garantir seus interesses.
Todo e qualquer aumento será mais uma vez abusivo, injustificável e imposto de cima para baixo por uma Fundação que não conhece nem quer conhecer a Faculdade, encarando esta apenas como mais uma fonte de renda. Qualquer aumento acima da inflação será, além de tudo, mentira deslavada e propaganda enganosa.


Centro Acadêmico Vladimir Herzog – gestão Mal Educados

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