segunda-feira, 2 de julho de 2007

Educação

Os movimentos sociais da educação sempre defenderam esta enquanto instrumento para a crítica, formação emancipadora, atividade perceptora das contradições sociais e criadora de modificação. Contudo, desde o início do reinado do o capitalismo mundial, o papel geral exercido pela formação dada pelas nossas escolas foi muito diferente disso: trata-se de um importante instrumento de dominação ideológica e de adaptação aos mecanismos de exploração.
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No mercado de trabalho brasileiro atual, a educação, ou melhor, a falta dela, passou a ser um grande instrumento de chantagem. É através da desculpa da falta de qualificação que milhares de trabalhadores ficam desempregados e não são aceitos para vender a única coisa que é de sua genuína possessão, a sua força de trabalho.
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Isso é um dos principais motivos da política para ensino superior brasileira ser tão central para o marketing de governos dos mais variados. Eles precisam atender essa enorme expectativa de ascensão social ou muitas vezes de simples sobrevivência colocada em cima da qualificação.
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Não é à toa que a expansão, por mínima que seja, do ensino superior público é feita com grande alarde e localizada geograficamente em regiões que são votantes em massa do partido governante. É em cima deste tipo de clientelismo que se estabeleceu a USP Leste, na Zona Leste de São Paulo, reduto eleitoral do PSDB; a UFABC (Universidade Federal do ABC) e a futura universidade federal em Osasco, redutos eleitorais do PT.
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Contudo, tais projetos não passam de demagogia para o povo pobre da região, pois a localização física da universidade na região não garante a entrada de sua população nas vagas oferecidas. Além disso, o projeto pedagógico que mais vendo sendo adotado nestas novas universidades públicas é muito perverso: ele inclui nas etapas iniciais da graduação e exclui nas restantes, com ciclo básico e um segundo vestibular ranqueador.
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A política de compra de vagas em instituições privadas pelo governo, o Programa Universidade Para Todos (Prouni), também reflete essa mesma lógica: a educação superior para o povo pobre pode ser ampliada, porém é de baixa qualidade, sem assistência estudantil e sem pesquisa e extensão.
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Tais políticas, entretanto, aparecem como carros-chefe de campanhas eleitorais e angariam a simpatia de milhares de brasileiros. No Brasil, cerca de 1,5 milhão de jovens saem anualmente da universidade, mas somente metade deles consegue emprego. Precisamos destruir o mito de que maior qualificação significa mais emprego para a população brasileira, mais seguridade social. A média de escolaridade cresceu de 5,1 para 6,6 anos de 1993 para 2004; contudo, o número de desempregados com mais de 11 anos de estudo cresceu 291%, muito acima da média geral de 83,2% de desempregados.
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É necessário ir a fundo no problema da miséria social no país e a solução desta não está presente nesta falácia educacional de desmonte do ensino público de qualidade e expansão do privado que os nossos últimos governos neoliberais têm imposto. Há interesses por trás do grande desemprego da população brasileira - o interesse das multinacionais, do capital privado, do grande empresariado – que se utilizam da mão de obra em excesso para impor salários achatados e exploração. Entretanto, não é interessante para o governo Lula e para os demais governos estaduais do país lutar contra estes interesses. É muito mais fácil continuar vendendo mentiras à população brasileira.

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