segunda-feira, 2 de julho de 2007

Reflexão e Formação no ME

“O proletariado não deve recuar diante de nenhuma autocrítica, pois só a verdade pode leva-lo à vitória; por isso, a autocrítica deve ser seu elemento vital”. Georg Lukács

Na luta pela inserção do movimento estudantil (ME) nos recentes processos de reorganização dos movimentos sociais, percebemos a dificuldade deste de se desvincular dos debates cotidianos e burocráticos de uma prática estudantil calcada em épocas de extremo refluxo. Embaraçamo-nos no debate metodológico, de procedimento, nas tarefas rotineiras e esquecemos de debater a que viemos.
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A inexistência de uma reflexão e estudo do histórico do ME dificulta a construção de propostas para a sua renovação. Pelo caráter transitório de seus militantes e por uma tradicional falta de formulação teórica, o ME parece “ahistórico”, um movimento que durante sua atuação presente não dialoga com seu passado. A ausência de acúmulo e intercâmbio de experiências entre organizações e militantes pode ser explicada pelo constante regime de urgência em que estes vivem, o que acaba conduzindo a uma excessiva valorização das tarefas práticas em detrimento da reflexão.
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Quem participa de algum coletivo, grupo ou organização estudantil sabe que não faltam tarefas políticas e administrativas a serem realizadas rapidamente. Esse eterno correr contra o relógio invariavelmente acaba gerando uma concepção de ativismo muito mais próxima do que poderia ser chamado de “tarefismo”.O conceito de práxis, ou seja, a união equilibrada entre teoria e prática, entre a reflexão e a ação, fica desfalcado de uma de suas pernas.
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O conjunto do movimento deve estar empenhado na busca por uma formulação teórica que sustente a ação da mesma maneira com que se dedica às tarefas práticas. Só a criação efetiva de espaços permanentes e coletivos de discussão, reflexão, autocrítica e produção de material é que permitirá ao movimento superar esse imediatismo. O momento de reflexão deve permear todo o processo da atuação, fugindo da cômoda autocrítica apenas no final de determinado ciclo.
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A produção de material é necessária para que as discussões não se limitem aos espaços onde são feitas, para que sirvam como acúmulo e apoio aos futuros militantes – que utilizarão desta para o entendimento de determinadas situações e atuações, além de evitarem que atuações equivocadas sejam repetidas.

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